Você também acha que "bonzinho só se fode"?

Sempre que menciono a frase “bonzinho só se fode”, minhas amigas ficam bravas. Dizem que elas preferem os cafajestes para curtição, mas acabam ficando com os bonzinhos no fim da história. Talvez há algumas décadas, quando o casamento era para sempre, existisse mesmo este “fim da história” (ou o “felizes para sempre”). No entanto, hoje em dia os relacionamentos são muito mais frágeis. As pessoas têm mais opções em seus cotidianos, por isso às vezes parece ser mais fácil partir para outra (e se livrar de um problema) do que corrigir algo que te incomoda e é inerente ao seu parceiro.

Fiz um pequeno levantamento: dos meus 18 aos 33 anos (ou seja, durante 15 anos de minha vida), vi trinta e dois casamentos com pessoas da minha faixa etária. Quantos se mantiveram pelo menos até hoje? SETE! Os outros vinte e cinco? Dezenove deles acabaram por causa de uma traição de um dos lados e somente seis acabaram por desgaste ou comum acordo. “E o que isso tem a ver com o tópico dos homens bonzinhos? Por que os homens votaram na alternativa HOMEM QUE ANDA NA LINHA É SEMPRE PRETERIDO como uma das desvantagens de ser homem?” Calma que eu chego lá...

Que as pessoas lutam menos por suas relações, isso é fato. E que os homens e mulheres têm mais opções para pular a cerca diariamente, isso é mais um fato. Ninguém mais precisa procurar ou batalhar para trair, as oportunidades batem na porta de qualquer um que não seja esteticamente aberrativo.

E é aí que o bonzinho se dá mal: ele raramente vai fazer a primeira merda. É como um animal que só atacará se for atacado: é do bem, fica na dele e quer distância de encrencas. Tirando isso, um cara bonzinho costuma ter uma moral mais ilibada do que um cara normal. Na prática, ele só trai se é traído. E com esse furacão de emoções e tentações, se um cafajeste bonitão ficar em cima de uma mulher casada com um típico bonzinho, ela acaba cedendo e dá pro cara. Ela pode ser bem casada, amar seu marido... Mas ninguém se mantém vinte e quatro horas por dia satisfeito. E os cafajestes sabem quando agir: aproveitam momentos de fraqueza, oferecem opções onde o marido é deficiente e esperam um pequeno deslize do futuro “corno”, fazendo com que a mulher veja motivos para trair. Não levou a esposa no local onde ela queria sair? Cuidado, o “Ricardão” diz que vai levar! Esqueceu um aniversário de primeiro beijo? Olhos abertos! O “Ricardão” vai instigar sua esposa dizendo coisas como “você merecia coisa melhor”. Gozou e virou pro lado? Pronto, fodeu! O “Ricardão” vai prometer orgasmos múltiplos. E assim, lá vai sua espoa para os braços do cafajeste.

Uma prova disso: 95 dos 100 homens afirmaram não acreditar na fidelidade feminina para o resto da vida. E dos 5 que disseram acreditar, 2 são os garotos virgens. Fazendo a mesma pergunta às 30 mulheres (ou seja, se elas acreditam na hipótese de um homem ser fiel durante uma relação, não importando a duração dela), apenas 3 disseram que acreditam em nossa fidelidade. “Então por que vocês continuam querendo casar, já que a fidelidade para sempre não existe?”, perguntei eu. “Porque queremos um companheiro. Uma hora ou outra, vocês vão fazer merda – e nós também. Mas a vida segue”. Esta foi mais ou menos a resposta padrão das mulheres com as quais conversei.

Achei um pouco contraditório e triste ver que as mulheres buscam a felicidade plena amorosa, mas não acreditam nela. Mas se dá para ver algo de positivo nisso, pelo menos nesta desconfiança nós estamos nivelados.  Não confiamos uns nos outros de forma até que igual, mas TODOS NÓS continuamos atrás de um grande amor que nos faça esquecer (mesmo que temporariamente) esta desconfiança mútua.

Lembra que eu disse que conversei com 30 mulheres e constatei que 24 já haviam traído seus parceiros? Pois bem... Questionei essas mesmas 24 com a seguinte pergunta: “qual o perfil do parceiro traído: mais pro bonzinho ou mais pro cafajeste?” 11 falaram que os parceiros eram cafajestes (e que elas traíram por vingança) e 13 falaram que os cornos eram bonzinhos (e traíram porque sentiam falta de mais emoção na vida). Achei inacreditável! As mulheres viram mais motivos para trair um cara bonzinho do que um cafajeste!

Busquei razões e metáforas para explicar isso, e a frase que elas mais gostaram foi: “um cara bonzinho é uma comida sem sal (sem tempero), e o cafajeste é apimentado”. Isto provou que meus conterrâneos escolheram algo que realmente é uma desvantagem nossa: enquanto os homens valorizam mulheres com pouca experiência, virgens e tímidas, as mulheres preferem os experientes, expansivos e safados. Desta forma, os homens se veem em um impasse: parece que nunca seremos aceitos por vocês. Se um homem é cafajeste, vocês (sabiamente) não vão querer nada sério com ele, preferindo os bonzinhos para casar. Porém, depois de se casarem com os bonzinhos, vão acabar os traindo com os cafajestes. Alguns entrevistados até citaram a famosa teoria do “macho alfa”, que é aquele perfil do cara fortão, briguento e que se destaca no meio de sua “manada”. Dizem que as mulheres buscam, mesmo que inconscientemente, machos alfa.

Polêmicas à parte, na minha modesta opinião, creio que o mesmo ocorre conosco, marcianos. Buscamos santas para casar e acabamos perdendo o rumo com as safadas. “O jardim do vizinho é sempre mais bonito que o nosso”, faz parte da natureza humana a curiosidade para experimentar o novo.

Então por que rotulamos somente a mulher com esse comportamento? Será que “boazinha também só se fode”? Infelizmente sim! A liberdade sexual criou uma necessidade maior de satisfação pessoal porque hoje a oferta de pessoas que nos desejam é imensa (sendo homem ou mulher). Por isso os “bonzinhos” no geral tendem a se dar pior: não têm iniciativa para uma traição e quase que sempre acabam sendo traídos.

Por causa de todo este contexto, eu constatei a talvez mais forte frase deste livro: A felicidade amorosa plena e infinita é uma dádiva dos feios e dos isolados. Não adianta ficar revoltada ou com raiva de mim, infelizmente isto é um fato. Se você é bonita, sempre vai ter um urubu sobrevoando sua carne. E se o homem é bonito, sempre haverá galinhas ciscando no seu celeiro.

Logo, o casal só se verá completo se não houver ninguém tentando nenhum dos dois – e isso só ocorrerá se ambos forem aberrativos ou se morarem em locais isolados, sem outras opções como tentação. Quer um homem que seja fiel a você para o resto da vida? Escolha o mais feio do seu ciclo de convívio, pois os bonitões são cortejados o tempo inteiro e ninguém é de ferro (principalmente o homem, que é mais suscetível à sedução feminina – e é mais exigido pela sociedade machista). Se uma mulher gostosíssima dá em cima de um cara casado e ele não faz nada, TODOS seus amigos vão tachá-lo de idiota. É assim que funcionam as coisas em Marte.

NO ENTANTO... Se você é romântica e acredita incondicionalmente no amor verdadeiro, fiel e infinito, antes de me amaldiçoar, lembre-se que isto aqui é apenas uma pesquisa com 100 homens diante de mais de 3 bilhões de marcianos no planeta (e aproximadamente 100 milhões de brasileiros). Toda estatística representa um perfil que apenas indica uma situação. É óbvio que devem existir homens bonitos e fieis, assim como mulheres lindas e fieis. Todas as religiões pregam a fidelidade como uma condição humana e os religiosos não brincam com isso, pois morrem de medo de ir para o inferno. Logo, seja por religião, amor ou excesso de moralismo, talvez seja possível encontrar um cara bonitão e fiel. Se você acredita nisso, ignore este texto e busque sua felicidade.

Mas antes de me mandar um e-mail emputecido dizendo que este texto é uma merda e que “meu marido não é assim”, lembre-se que todo mundo tem seus segredos, faz coisas que ninguém sabe e sempre faz coisas que ninguém desconfia. Ninguém é um livro aberto! Se um homem ou mulher quiser fazer merda e for uma pessoa esperta, ninguém vai desconfiar dela. As coisas muitas vezes podem não ser da forma como parecem ser...